Os dez mandamentos do e-mail. Medo de mensagens mal interpretadas, contaminação da marca e perda de produtividade fazem empresas seguirem regras para a conversa on-line.

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A escrita não produz o mesmo efeito da fala. A afirmação, óbvia, parece ignorada por pessoas cada vez mais conectadas o tempo todo, por tablets, smartphones ou computadores. A comunicação escrita parece ter tomado a dianteira em várias frentes antes dominadas pela fala. Essa prevalência fica clara na preferência crescente por e-mails, torpedos, chats, tuítes, comentários e posts como forma de expressão e comunicação.

Pesquisa da Pew Global, de 2011, mostra que 92% dos internautas usam o e-mail como principal ferramenta de comunicação, mais que smartphones e redes sociais. Mas, na era da web 2.0, da conexão móvel, constante e com alta interatividade, avança também o outro extremo, de internautas que capengam ao escrever um e-mail eficiente. Começando por aqueles na dianteira da web 2.0.

O uso indevido de abreviações, formalidades ora excessivas ora inexistentes, o equívoco de linguagem e tratamento, a falta de objetividade e assertividade são ruídos corriqueiros na comunicação eletrônica.

Segundo Ruy Leal, superintendente do Instituto Via de Acesso, que prepara e insere jovens no mercado de trabalho, 90% da comunicação feita e recebida pelas entidades privadas hoje é via e-mail.

– Isso é uma arma que o colaborador tem na mão. Se não estiver muito bem orientado e preparado, pode escrever absurdos em seus e-mails – alerta.

Munido de um e-mail corporativo, qualquer um pode falar em nome da organização. Leal sabe que rispidez, ironias e brincadeiras mal interpretadas geram desentendimentos por conta da linguagem que se pretende distante e próxima ao mesmo tempo. Por isso, os especialistas e as empresas tentam sistematizar as regras que regem a comunicação por e-mail.

Linguagem

A apreensão tem levado empresas a consultores que capacitem funcionários a redigir e-mails não só sem deslizes na língua portuguesa, mas eficientes e adequados à comunicação profissional. Coach executiva e educadora corporativa da Atingir Coaching e Treinamento, Regina Gianetti Dias Pereira se especializou em oferecer cursos de comunicação empresarial, e diz que treinamentos para mensagens eletrônicas são cada vez mais pedidos.

– E-mails mal escritos, confusos, pouco claros, feitos sem consistência, geram mal-entendidos, perdas de negócios, tempo e, especialmente, produtividade – observa.

A primeira lição é que dominar a tecnologia não significa domínio do uso da linguagem. Daí a falsa impressão de que pessoas conectadas e integradas tecnologicamente se comunicam via internet com mais propriedade, quando na verdade uma habilidade independe da outra. O que faz diferença são alguns cuidados de adequação da linguagem para o contexto da comunicação.

Regina conta o caso de uma instituição que gerencia pensões e aposentadorias e que possui cadastrados milhares de pensionistas. Segundo ela, a administração enviou um e-mail sobre uma mudança que seria feita nos pagamentos.

– Era para ser algo simples, mas foi escrito de uma maneira tão confusa que ocorreu um colapso na central de atendimento da empresa, porque ninguém entendeu a mensagem, terminou se assustando e teve de ligar – relata.

Contra esse tipo de situação, Língua apresenta a seguir dez dicas para quem quer escrever um e-mail claro, conciso, adequado e, acima de tudo, eficiente.

Quando usar
O e-mail não é o melhor meio de comunicação em todas as situações. A coach executiva Regina Gianetti aconselha que o correio eletrônico seja escolhido só quando não é necessário que o destinatário esteja
disponível naquele momento, e a resposta não seja esperada com urgência. Se o conteúdo precisa ficar documentado, também é um meio ideal.

– Quando o assunto é emocionalmente delicado, não se deve usar o e-mail, porque pode haver má interpretação – afirma.

O problema, segundo ela, é que as pessoas têm usado essa ferramenta como muleta para não se comprometer, passando a responsabilidade para o destinatário com um simples clique no botão “enviar”.

Para assuntos mais pontuais e urgentes, é melhor optar por mensagens instantâneas, como Skype, torpedos, Messenger, Twitter e WhatsApp.

O esquecimento da identificação
Um grande vício de quem se acostumou a usar a internet a partir de chats e outros sistemas de mensagem instantânea é esquecer de identificar-se ao escrever um e-mail, tanto no início do contato quanto no fim, ao deixar de assiná-lo. Ruy Leal, do Instituto Via de Acesso, considera isso um dos maiores problemas dos jovens que desejam ingressar no mercado de trabalho.

– Já recebi e-mails sem assinatura pedindo um estágio. Eles têm coragem de usar um endereçamento de e-mail que não tem a ver com o meio corporativo, do tipo”luluzinha17@…”, para pedir um emprego – diz.

É vital assinar um e-mail e, em um primeiro contato, não esquecer de explicar no início quem você é. Mesmo que não seja pedido, confirme o recebimento da mensagem, até quando não tiver resposta completa no momento. Um “ok” ou “recebido” mostra disposição.

O cuidado com as saudações
O e-mail é uma situação de comunicação, e precisamos saudar as pessoas quando nos dirigimos a elas. No início de um e-mail, “olá” e “bom dia” são cordiais, sem serem informais demais, explica Regina. “Prezado” é extremamente formal e, se não for um caso de rígida impessoalidade, é exagerado. A regra, segundo a especialista, é que, se existe uma troca de e-mails com certa regularidade no dia, o primeiro deve contar a saudação, que pode ser dispensada nas outras mensagens.

Os cumprimentos de despedida são igualmente importantes, e não são substituíveis por uma assinatura eletrônica. Mas Regina alerta: “Atenciosamente” é abreviada de forma incorreta no Brasil como “att.”, quando deveria ser “atte.”.

– “Att.” foi importado do inglês e faz referência à expressão in attention to, que é usada só no começo de um e-mail – explica.

“Cordialmente” é considerado também exageradamente polido, a ser usado em casos específicos. A sugestão de Regina é que, ao escrever a mensagem, pensemos na maneira como saudaria a pessoa se a encontrássemos frente a frente, e adequemos os termos a isso.

Atenção ao assunto
O campo do assunto deve refletir o conteúdo da mensagem.

– Muitos não têm essa noção. Você tem de chamar a atenção da pessoa na caixa de entrada, porque ela recebe vários e-mails por dia e vai determinar o grau de urgência de cada um ao olhar para os assuntos – conta Regina, que diz receber por vezes e-mails em que o remetente coloca, no campo do assunto, o nome da empresa em que trabalha.

Uma dica é escolher palavras-chave que resumam o conteúdo do e-mail em cerca de três a quatro palavras. Em vez de “Segue relatório de vendas referente ao ano de 2012”, por exemplo, é melhor: “Relatório vendas 2012”.

No entanto, é preciso ser específico e fugir de generalidades que pouco esclarecem sobre a mensagem, como apenas “Relatório”.

A falta de objetividade
Ruy Leal observa que um sério problema dos e-mails trocados atualmente é o risco de gerar desentendimentos por serem confusos. Por isso, dá a dica:

– Coloque-se no lugar da pessoa que está do outro lado. Ela entenderia a mensagem? – questiona o consultor.

A experiência com cursos sobre e-mail para empresas fez com que Regina concluísse que o maior desafio do brasileiro com essa ferramenta é conseguir ser objetivo.

– Por uma questão cultural, damos voltas para falar as coisas em vez de ir direto ao ponto – diz Regina.

É recorrente, ela explica, que as pessoas comecem explicando o que querem dizer antes de, de fato, comunicar o assunto principal da mensagem, quanto deveria ser o contrário.

– Se eu vou dizer por que o relatório não está pronto, é comum querer explicar tudo o que aconteceu para ele não estar pronto para então, no fim, dizer “Então, o relatório não está pronto”.

Isso acontece, segundo Ruy, porque muitas pessoas não sabem como estruturar um texto.

– Não sabem começar, avançar e terminar de forma compreensível pelo receptor.

O calibre da formalidade
É fundamental compreender as regras do ambiente de trabalho para saber que tom se pode adotar com o interlocutor. Alguns escritórios exigem mais ou menos polidez no tratamento. Regina observa que existem dois tipos de profissionais trabalhando juntos hoje: os mais velhos, que vêm do que ela chama de “a era da circular”, em que toda a comunicação se concentrava nas mãos das secretárias e eram muito mais formais, e aqueles mais jovens, acostumados com a informalidade das mensagens instantâneas.

A linguagem do e-mail deveria transitar entre esses dois mundos, sem exagerar com uma comunicação impessoal, mas obedecer à norma culta de uma maneira cordial, descontraída, como se falaria em geral por telefone ou pessoalmente. Um cuidado importante é não exagerar na formalidade a ponto de a mensagem soar ríspida demais, o que pode causar ruído na comunicação.

A aversão a maiúsculas
O uso de caixa alta em todo o texto é tão proibido que, para Regina, constitui uma verdadeira gafe. Escrever em maiúsculas significa, na linguagem da internet, gritar com alguém. Por isso é algo realmente a ser evitado, especialmente em mensagens de trabalho, pois é visto como falta de educação e de consideração do remetente, além de não ser uma postura profissional adequada.

A adequação do tamanho
Não há regras quando o assunto é o tamanho que um e-mail deve ter, mas a experiência mostra que e-mails longos, em geral, não são lidos. E, se são lidos, não são compreendidos em sua integridade.
– Um e-mail longo é desinteressante. A pessoa precisa ter o poder de concisão para falar o máximo possível em poucas palavras, e isso é implícito à linguagem digital – afirma o professor Luiz Castro.

Regina sugere que as mensagens tentem girar em torno de três a quatro parágrafos, no máximo.

– Se você começa a ver que o e-mail vai ficar longo demais, deve parar e se questionar se não deve ligar para a pessoa ou fazer uma reunião. Perde-se muito tempo com e-mails grandes. São complexos de responder e podem ser mal interpretados – diz.

Deve-se evitar dizer em muitas palavras o que se poderia dizer em poucas.

O uso de abreviações
Abreviar palavras deve ser evitado, embora não seja proibido e, ocasionalmente, possa ser usado nos e-mails profissionais, especialmente nas saudações. A economia de tempo ao encurtar as palavras é pouca, e a mensagem pode tender a uma informalidade excessiva.

Luiz Castro, professor da rede estadual de ensino de Pernambuco, mestre em linguística e pesquisador da UFPE no campo da comunicação digital, realizou um estudo sobre os tipos de risos existentes no internetês, desde os mais escandalosos, como o “kkk” e o “huahuahua”, passando pelo “hahaha” até o “rs”, abreviatura de “risos” que, segundo ele, é o mais aceitável em uma troca de e-mails profissionais. Ele sugere que a pessoa escolha poucas palavras para abreviar, e não use esses atalhos o tempo todo.

A necessidade de revisão
Um texto de correio eletrônico deve ser simples, mas não descuidado. Exige releitura e atenção para acertar o tom da mensagem. O vocabulário deve fazer parte da linguagem usual, sem expressões rebuscadas que tornem a mensagem complicada. Mas é preciso estar atento à repetição exaustiva de termos, abreviações apressadas e construções truncadas.

Revise as palavras, para detectar as mal colocadas; repasse os destinatários, principalmente se a mensagem pode ser reenviada a muitos deles; evite comentários agressivos, pois a mensagem enviada se torna pública.

Fonte: http://www.revistamelhor.com.br/textos/0/artigo277884-3.asp

Língua Portuguesa X Profissional

Os estudos e os avanços tecnológicos no mercado de trabalho comprovam a globalização. Hoje o profissional consegue comunicar-se com inúmeras pessoas, ou até aonde a rede de computadores mundial alcançar.

Assim, investir na sua própria formação, estudando Língua Portuguesa, demonstra não só uma preocupação com o desenvolvimento eficaz dos trabalhos realizados, mas, principalmente, resulta em uma atitude de preocupar-se com o tipo de visão que o mercado de trabalho e a sociedade terão de tal profissional.

Portanto, falar e escrever bem não são atitudes de segundo plano, são ações primordiais para qualquer profissional.

A Construção Civil é um dos setores do mercado produtivo que se faz presente em todos os locais; portanto, de grande abrangência e diversificações em suas atividades, apresentando um grande crescimento, pois a formação de pessoal especializado será capaz de atender as necessidades e as exigências do mercado de trabalho nesta área, salvaguardando a integridade física e mental do trabalhador capaz de interagir em situações novas e em constante mutação.

Constata-se, assim, a necessidade cada vez maior da formação de profissionais de nível técnico na área de Edificações, possibilitando o exercício de suas atividades, de acordo com as normas legais, para responder às exigências decorrentes das formas de gestão, de novas técnicas e tecnologias e da globalização nas relações econômicas, o que vêm transformando a sociedade. Esse profissional precisa, sem dúvida, não só dominar os conhecimentos técnicos, mas a escrita, para uma maior credibilidade profissional.

Os dez erros de português das empresas – Matéria da Revista Língua Portuguesa de Edgard Murano

Quanto maior o cargo, mais o tropeço compromete a imagem do profissional
Edgard Murano

Foi uma área em que, por tempo demais, os desavisados acharam dispensável o domínio do padrão culto do idioma. Mas no mundo corporativo, em que a lógica dos lucros e prejuízos norteia as preocupações cotidianas e torna a precisão comunicativa um valor precioso, executivos e funcionários já não desprezam o aprendizado da língua portuguesa.
Conheça os principais erros

A consciência no uso do idioma nas situações de comunicação do cotidiano empresarial pode ser a diferença entre um desempenho eficaz e o fiasco nas relações internas das corporações, na interface de suas operações com fornecedores, em reuniões de trabalho e negócio. Daí a onda de profissionais a procurar cursos de aperfeiçoamento, preocupados com a própria formação e ciosos da credibilidade da empresa que representam. Aqueles que leem menos acabam recorrendo a intensivos para absorver de forma rápida um conhecimento que, em geral, se construiria ao longo de uma vida.

Ligia Velozo Crispino, sócia-diretora da Companhia de Idiomas, já perdeu a conta das empresas a que atendeu com praticamente todos os funcionários apresentando deficiências idiomáticas sérias, em cargos como os de gerência, dos quais se espera uma formação mais consistente. Ela assinala que os erros mais comuns são os de concordância e regência verbal, além de ortografia (“experiência” com s ou “ansiedade” com c, por exemplo, são comuns), a maioria perpetrada na comunicação por internet:- Você não detecta tantos erros em relatórios quanto em e-mails. Esse tipo de mensagem proporciona um nível de informalidade muito grande. Profissionais jovens, principalmente, escrevem tudo em minúscula e não colocam acento, o que acontece, na maioria dos casos, por causa da necessidade de se comunicar de forma rápida – afirma Ligia.

A diretora associa o uso do idioma a um cartão de visita.

– Se você está num cargo de destaque, obviamente estará mais exposto. Sendo assim, imagine um diretor de marketing, um relações públicas, com a responsabilidade de representar minha empresa: que imagem ele vai passar se comete muitos erros de português? – questiona.

A publicitária Marlisi Rauth, que trabalha como analista de comunicação e consultora de marketing em Curitiba, destaca o uso indevido do pronome oblíquo (“te mandei um arquivo”, por exemplo), que embora tolerado na comunicação oral não é recomendado na comunicação escrita ou em situações mais formais. Outra complicação comum são os vícios de linguagem, diz Marlisi, como “a nível de”, além do clássico “para mim fazer”. São erros fatais, que causam má impressão.

– Há muitos sites e peças de comunicação empresarial repletos de erros, mas isso é bem mais frequente no cotidiano das empresas. E esse é o problema, porque as pessoas acabam se acostumando com alguns deles – afirma Marlisi.

Para a consultora, o equívoco mais grave é o cometido em materiais de comunicação externa. Quando um cliente ou um possível cliente acessa um site ou recebe um e-mail marketing com tropeços de português, isso afeta diretamente a imagem da empresa ante outras instituições. Há conclusões negativas que um cliente pode tirar disso:

– Se são descuidados com o português, no que mais são descuidados? Se falam comigo em português errado, podem errar em outros momentos do nosso relacionamento – questiona Marlisi.

Inversão
Gerson Correia, sócio da Talent Solution, uma empresa de seleção de executivos, já presenciou muitos maus tratos à língua, que comprometeram negócios. Segundo ele, se um profissional mais experiente ainda comete erros primários, é porque nunca teve feedback [jargão corporativo que significa “resposta”, “retorno” ou “avaliação”].

– Um cliente de uma empresa de tecnologia estava prestes a fechar um negócio, e a certa altura cometeu um erro referente à grafia de uma palavra comum, do cotidiano. Pegou mal e o negócio acabou desandando, pois causou uma péssima impressão – diz Gerson

O executivo ataca o uso de gírias na comunicação corporativa.
– Em segmentos como o da publicidade, as gírias são toleráveis, mas em grande corporações, por exemplo, é de bom tom evitar expressões mais informais – recomenda.

Há situações, de informalidade a tal ponto instituída na comunicação, que o uso normativo da língua se torna vítima de preconceitos.

– A ênclise [coloção do pronome depois do verbo] hoje é motivo de crítica, e muitos consideram pedantismo. A expressão com gerúndio também parece ser regra, em vez do futuro do presente. De modo que, quando se ouve a forma certa, soa esquisito, como se o correto fosse estranho – afirma Correia.

Promoção
Uma pessoa que apresente dificuldades para comunicar-se tende a ter maior dificuldade numa empresa. Quanto mais se evoluir na hierarquia maior será a cobrança. Na expressão, essa evolução será medida, entre outros fatores, por um bom vocabulário e pela capacidade de se expressar com precisão e clareza em situações cotidianas.

– Há pessoas que, por tempo de casa, são promovidas, embora persistam nelas problemas de comunicação. Nesses casos, a empresa se vê obrigada a investir nessa pessoa para ensinar-lhe o idioma. E se numa empresa a equipe se comunica melhor do que o líder, aí você tem um problema. Não será um curso de 40 horas que irá solucioná-lo, pois isso vem de família, de educação – afirma Ligia, da Companhia de Idiomas.

Ligia defende, para esses casos, um trabalho mais prolongado, que leve a leituras e atividades variadas, para os funcionários não ficarem “bitolados” na cultura empresarial.

Embora a falta de domínio da língua implique restrições ao crescimento profissional de um executivo, a consultora Marlisi Rauth não crê que a incidência de erros constitua motivo para demissão.

– Uma pessoa que não saiba escrever ou falar corretamente, muito provavelmente terá dificuldades de se expressar. Sem saber se expressar, o profissional pode acabar falando o que não deve, ou pode não ter capacidade de persuasão e justificativa em momentos delicados, por exemplo. E, aí sim, pode colocar muito a perder – explica Marlisi.

A consultora recorda de uma empresa onde trabalhou que desclassificou candidatos e aspirantes a vagas por terem ido mal na prova.

– Vi muita gente perder sua chance de contratação por causa do português – afirma.

Resistência
Entre os clientes atendidos por Ligia na Companhia de Idiomas, aqueles que apresentam as maiores deficiências com relação ao português são da área de ciências exatas. Segundo ela, é comum empresas de tecnologia, engenharia e corretoras de valores, entre outras, apresentarem baixos índices de acerto nos testes que avaliam o domínio da língua.

– Apenas 5% dos funcionários de empresas com esse perfil costumam acertar mais de 70% dos testes – assegura Ligia.

Em alguns casos, Ligia se vê obrigada a começar do zero e a fazer um trabalho de base com os “alunos”. Num claro exercício de eufemismo, ela se viu obrigada a mudar o nome “aula de português” para “oficina de comunicação”, para que as pessoas não se sentissem estigmatizadas.

– Essas pessoas que participam do curso sabem que não se trata de um prêmio elas estarem ali, e sim de um castigo por não terem conseguido passar na avaliação que aplico nas empresas, e alguns se sentem burros. É uma situação delicada. O brasileiro, de maneira geral, não gosta de estudar gramática – afirma.

Tudo indica que, excetuando-se os lapsos, cada vez mais frequentes ante a rapidez que a vida profissional exige, os erros de português têm sempre a mesma base em comum: a falta de leitura. Marlisi defende que um profissional, sobretudo de alto escalão, estabeleça para si uma rotina de leituras – não só de jornais e revistas, mas também de livros – e torne-se “íntimo” do idioma, incorporando a forma culta ao seu dia-a-dia.

Uma pessoa que escreva errado pode acabar sendo tachada de ignorante pelos colegas de trabalho.

Objetividade
A jornalista Arlete Salvador, autora dos livros A Arte de Escrever Bem e Escrever Melhor (ambos da editora Contexto, 2004 e 2008 respectivamente), em parceria com Dad Squarisi, também considera “erro” a falta de objetividade que vitima o uso da língua nas empresas. Arlete alega que a incapacidade de se expressar com clareza pode manifestar-se em textos muito longos e com palavras em excesso, sendo a maioria delas, em muitos casos, desnecessária.

– O resultado disso é que o texto fica prolixo e o autor  arrisca-se a cometer mais erros gramaticais e ortográficos. Uma das coisas mais irritantes para executivos de alto escalão é receber relatórios longos e incompreensíveis. Sabe aquele tipo de documento que o diretor lê e pergunta: “meu Deus do céu, o que ele quis dizer com isso?” – ataca Arlete Salvador.

O exagero de palavras, também conhecido como verborragia, pode ser um sinal de dificuldade para expôr as ideias ou intenções, o que pode, do ponto de vista dos negócios, resultar em ineficiência, queda de produção e consequentemente prejuízos. Além disso, jargões e palavras de efeito podem mascarar informações inócuas ou mal organizadas, revelando a falta de concisão de quem produziu o texto. E, neste caso, os maiores projudicados são a própria empresa e, infelizmente, o idioma.

A importância da Língua Portuguesa para a carreira

Dominar a norma culta da língua portuguesa está se tornando cada vez mais importante para o sucesso de profissionais de todas as áreas.

Dominar a norma culta da língua portuguesa está se tornando cada vez mais importante para o sucesso de profissionais de todas as áreas. No passado, quando diretores, superintendentes e gerentes podiam contar com uma secretária, a falta de domínio da língua portuguesa não era tão notada, afinal, quem precisava escrever corretamente era ela. Hoje isso mudou. Com as empresas cada vez mais “enxutas”, muitas vezes os executivos ou não possuem ou precisam dividir a mesma assistente. Assim, obrigatoriamente tiveram que começar a escrever relatórios, preparar documentos e enviar e-mails.

Qual o motivo de tanta dificuldade para elaborar um bom texto? Resumidamente, o português é um idioma muito complexo e uma das principais dificuldades é que a norma culta é bastante diferente da língua normalmente falada. E a falta de domínio do idioma pode comprometer profundamente a imagem do profissional, colocando em dúvida a qualidade de seu trabalho. A imagem negativa projetada pela má comunicação dos funcionários é muito mal recebida tanto pelo público interno como o externo (clientes e concorrentes). Nesse contexto, falar corretamente é fundamental para o sucesso de uma organização, e os empregadores valorizam cada vez mais os funcionários que sabem se expressar com fluência e corretamente.

Aqueles que cometem erros de português ao falar e não são capazes de escrever dez linhas gramaticalmente corretas e com clareza, passam aos outros uma péssima imagem de pessoa mal informada, de nível cultural baixo, que não lê. Ou seja, podem ser grandes especialistas em suas áreas de atuação, mas que provavelmente não poderão transmitir seus valores.

O avanço da comunicação digital tem aumentado a necessidade de o profissional escrever. O número de mensagens que circulam nas empresas aumenta exponencialmente ano a ano. Nunca se escreveu tanto, embora não esteja aí qualquer indício de qualidade dos textos produzidos. Há inclusive o componente da velocidade que transporta pela rede uma implícita indulgência pelos maus-tratos à língua, antes mesmo de a mensagem ser enviada.

A mensagem eletrônica, apesar de incorporar alguns elementos da fala, não deixa de ser um texto escrito, o que, por si só, aumenta a exigência de precisão. Ouve-se com frequência que escrever é mais difícil do que falar. Há uma razão para isso. Na linguagem oral, existem mais Mecanismos para se checar se a mensagem foi entendida corretamente. Há uma série de intervenções ‘não entendi’, ‘é isso mesmo?’, retomadas de trechos da conversa que ajudam a compreensão, além de contar com outros elementos como entonação, variação de voz, ironias. Na linguagem escrita não existem esses elementos, por isso precisa ser dotada de muita clareza. Uma simples vírgula pode comprometer totalmente um texto, podendo provocar realmente desastres na empresa, na família, na escola.

O problema do português ruim, evidentemente, começa muito antes de alguém se tornar um executivo. E não dá para discordar da enorme parcela de culpa das escolas e do sistema de ensino brasileiro. Para começar, a maior parte das escolas se limita a cumprir o número mínimo de aulas de português estabelecido por lei. Poucas dedicam mais horas à disciplina.

Para completar, o português foi abolido da grade curricular de maior parte das universidades. Os alunos se habituaram a considerá-lo uma disciplina de menor importância, algo sem relação direta com a vida prática. Resultado: o jovem termina o segundo grau com deficiências graves e as carrega para a vida profissional.

A linguagem escrita faz parte da vida prática e dentre as várias habilidades exigidas do profissional, a de se expressar nas linguagens oral e escrita tornou-se uma das mais prementes no mundo do trabalho. Sabemos também que ao dominar a gramática, será mais fácil demonstrar conhecimentos técnicos adquiridos, mostrando antes habilidade com a língua portuguesa. Dessa forma, é essencial a conscientização de que o sucesso profissional depende tanto de saber escrever português com clareza, quanto dos outros conhecimentos técnicos.

Fonte: http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=4jflaf_ku

Você sabe o que é Comunicação Visual?

Comunicação Visual é todo meio de comunicação expresso com a utilização de componentes visuais, como: signos, imagens, desenhos, gráficos, ou seja, tudo que pode ser visto. O termo comunicação visual é bastante abrangente e não precisa ser limitado a uma única área de estudo ou atuação, embora o termo possa ter o mesmo sentido de design gráfico.

Design gráfico e Comunicação Visual

Antes do uso do termo ‘design gráfico’ ser adotado, o termo ‘comunicação visual’ servia para determinar a área de atuação do designer gráfico (comunicador visual). Mas como alguns consideravam o termo “comunicação” muito abrangente, problema às vezes enfrentado por comunicadores sociais, o termo em inglês para projeto foi adotado. Isso foi disputado por muitos, mas a decisão foi mantida e, em se tratando de design, comunicação visual é sinônimo de design gráfico.